O endividamento total da instituição é de R$ 8,2 bilhões.
A Ulbra pediu recuperação judicial. A solicitação foi ajuizada na noite desta segunda-feira (6). A instituição de ensino enfrenta uma crise desde 2002, quando o endividamento passou a crescer de forma acelerada.
A dívida a ser negociada é de R$ 2,4 bilhões, conforme a informação antecipada para a coluna Acerto de Contas. O valor engloba débitos financeiros e com fornecedores, além de R$ 315 milhões de créditos trabalhistas.
O endividamento total da Ulbra, no entanto, é de R$ 8,2 bilhões. O valor inclui R$ 5,8 bilhões em dívidas tributárias, que já foram negociadas e estão sendo pagas parceladamente. Decorrem do período em que a instituição perdeu a imunidade tributária.
— É uma decisão difícil, mas que foi tomada no momento certo. A reorganização das finanças da Ulbra é urgente e necessária. O compromisso da Rede Ulbra de Educação é garantir a qualidade de ensino aos nossos mais de 40 mil alunos no Brasil — comenta Paulo Augusto Seifert, presidente da Aelbra, mantenedora da Ulbra.
Reitor da Ulbra, Ricardo Willy Rieth enfatiza que a recuperação judicial não interfere na rotina acadêmica da universidade ou nas atividades das escolas de Educação Básica.
— Todas as disciplinas previstas continuam ofertadas. O calendário de aulas e demais atividades seguem normalmente. É uma crise financeira e não acadêmica — reforça o reitor, ao salientar que os investimentos seguirão para que a Ulbra mantenha-se bem posicionada no mercado de ensino.
A intenção, inclusive, é normalizar o pagamento dos professores e dos funcionários do administrativo com a aprovação da recuperação judicial. Atualmente, falta 30% para finalizar o pagamento da folha de março. A Ulbra tem cerca de 4 mil funcionários.
A empresa contratada pela Ulbra para conduzir o processo foi a Starboard, com sede em São Paulo e escritório em Porto Alegre. Diretor-executivo, Ricardo Aragonês lembra que a instituição aguarda agora o deferimento do pedido pela Justiça. Então, haverá um prazo de 60 dias para apresentação do plano de recuperação judicial, que precisa ser aprovado por credores.
A Ulbra diz que a operação é afetada por situações que decorrem do próprio endividamento. Leilões para pagamentos de dívidas trabalhistas da época em que a instituição mantinha hospitais, plano de saúde e até empreendimentos imobiliários começaram a afetar os ativos da empresa na educação, que é a área essencial do negócio. Foi o caso de duas unidades em Rondônia. O receio de que a situação atingisse outras operações reforçou a decisão de pedir recuperação judicial.
Há ainda o atraso no repasse de recursos do Financiamento Estadual (Fies) por parte do Governo Federal. Segundo a Ulbra, são R$ 30 milhões ainda de 2019 a receber, o que afeta o pagamento dos funcionários, acrescenta o reitor, Ricardo Willy Rieth.
Para finalizar, existe uma crise setorial no Ensino Superior. Há impacto nas universidades da implementação do Ensino Fundamental de nove anos, que começou efetivamente há cerca de uma década no país. Muitas escolas privadas ficaram sem turmas do 3º ano do Ensino Médio (EM) em 2018, o que reduziu em 2019 a procura por vagas no Ensino Superior.
— A recuperação judicial oferece condições e tempo para a mantenedora reorganizar as finanças, preservando as atividades. É o objetivo do mecanismo que as empresas dispõem — complementa Ricardo Aragonês.
Estrutura da Ulbra
A Rede Ulbra de Educação tem 42.813 alunos no Brasil, divididos nas categorias de Ensino Superior, Educação a Distância e Educação Básica.. No Rio Grande do Sul, são 25.068 alunos.
São oferecidos 92 cursos de Ensino Superior. No Sul, há nove campi, em Cachoeira do Sul, Canoas, Carazinho, Gravataí, Guaíba, Porto Alegre, Santa Maria, São Jerônimo e Torres. As outras operações ficam em Itumbiara (GO), Manaus (AM), Palmas (TO) e Santarém (PA).
Na Educação Básica, são seis colégios e três escolas em municípios do Rio Grande do Sul. No Norte e no Centro-Oeste do país, há outros seis colégios da Rede Ulbra.
Fonte: Giane Guerra Via Gaúcha ZH.